Como a Fantasia Ajuda a Desenvolver a Criatividade: Benefícios Surpreendentes da Leitura

Vivemos em um tempo de soluções rápidas, fórmulas prontas e respostas automatizadas. Nesse cenário, a criatividade — a capacidade de imaginar o novo, de construir pontes entre ideias aparentemente desconectadas — se tornou não apenas um diferencial, mas uma necessidade. Mas como nutrir essa habilidade essencial num mundo saturado de estímulos prontos e conclusões mastigadas? A resposta pode estar em um lugar mágico, muitas vezes negligenciado: a literatura de fantasia.

O que é Fantasia, Afinal?

 Fantasia não é apenas “coisa de criança” ou um gênero para escapismo. Ela é a arte de criar mundos que funcionam com suas próprias regras, com realidades alternativas que expandem a nossa compreensão do que é possível. Obras como O Senhor dos Anéis, Harry Potter, A Terra das Sombras ou até histórias brasileiras como A Batalha do Apocalipse e Ghork e a Prova de Fogo nos convidam a atravessar portais que nos afastam da rotina, mas curiosamente, nos aproximam de nós mesmos.

A imaginação Como Músculo

  A leitura de fantasia exige um tipo de envolvimento mental diferente. Não basta acompanhar os fatos; é preciso visualizar florestas encantadas, compreender línguas inventadas, aceitar a lógica de feitiços e dragões, ou compreender sociedades inteiras formadas por seres que não existem fora da ficção.

Esse processo ativa o que neurocientistas chamam de imaginação construtiva — uma função cerebral que também usamos para planejar, resolver problemas, criar arte e até nos colocar no lugar do outro. É como exercitar um músculo: quanto mais lemos fantasia, mais flexível e inventiva se torna nossa mente.

Segundo um estudo publicado pela Frontiers in Psychology (2017), leitores habituais de ficção — especialmente fantasia e ficção científica — apresentam maior capacidade de pensamento divergente, ou seja, são melhores em gerar ideias originais e resolver problemas de forma criativa.

Benefícios Surpreendentes da Leitura de Fantasia

1. Desenvolvimento da empatia: Mesmo que os personagens sejam orcs, elfos ou feiticeiros, eles enfrentam dilemas humanos: solidão, perda, coragem, amor, medo. Colocar-se no lugar deles ajuda o leitor a desenvolver empatia — habilidade crucial para a vida pessoal e profissional.

   
   

2. Melhoria da saúde mental: A fantasia oferece um espaço seguro para escapar das pressões cotidianas. Estudos apontam que o envolvimento com narrativas ficcionais pode reduzir sintomas de ansiedade e depressão, promovendo bem-estar emocional. Um artigo da pesquisadora Ana Caroline Borges, da Universidade Federal de Goiás, indica que a leitura regular ajuda na “organização interna de conflitos emocionais”.

   
   

3. Fomento da curiosidade e do pensamento crítico: Bons livros de fantasia não entregam tudo de bandeja. É comum que o leitor precise interpretar símbolos, analisar profecias, compreender regras mágicas e antecipar reviravoltas. Isso ativa a curiosidade intelectual e estimula o pensamento analítico.

   
   

4. Fortalecimento da identidade e da autoestima: Muitos leitores se enxergam em heróis improváveis: um hobbit medroso, uma jovem órfã que descobre poderes ocultos, um guerreiro exilado em busca de redenção. Ao acompanhar essas jornadas, é possível refletir sobre os próprios desafios e encontrar inspiração para superá-los. Muitas vezes nós também precisamos de um recomeço, encontrar força para nos perdoar no íntimo por alguma falha e sonhar que uma vida melhor é possível!Afinal, os livros, na humilde opinião desse autor, são a prova indiscutível de que o ser humano pode sim fazer magia.

   

   
   
   
   

Dicas para começar

• Não sabe por onde começar? Experimente autores como Neil Gaiman (Coraline, Deuses Americanos), N. K. Jemisin (A Terra Partida) ou brasileiros como André Vianco e Eduardo Spohr.

  
  

• Leia com curiosidade, não com pressa. A fantasia recompensa o leitor atento aos detalhes.

  
  

• Converse com outras pessoas. Grupos de leitura e fóruns online ajudam a trocar ideias e aprofundar reflexões.

  
  

Ler fantasia é mais do que entreter. É uma prática de imaginação ativa, de empatia profunda e de criação interior. Ao folhear as páginas de um livro fantástico, você não está apenas fugindo da realidade — está treinando sua mente para vê-la de outro jeito. E talvez, com sorte, até transformá-la.

Então, da próxima vez que alguém disser que fantasia é "coisa de criança", apenas sorria — e continue lendo!

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